Papa-Léguas Nº 0 - Outubro 1985

Aqui ficam alguns excertos do primeiro número do nosso boletim informativo. Futuramente, a versão completa fará parte do nosso arquivo.

Editorial

Este número 0 do Papa-Léguas foi da responsabilidade da Comissão Promotora (interinamente), com especial colaboração dos companheiros:

  • Armindo Fonseca,
  • Carlos Ferreira,
  • Fernando Baeta,
  • Carlos Balacumba,
  • Helder Prudencio,
  • Rui Queirós.

Porquê o aparecimento do Clube...................?

Parece-nos importante que neste número 0 do boletim de um clube que está em fase de formação, seja narrado, embora em breves palavras, a história do surgimento do Clube.......................

Após o aparecimento de um documento, oriundo do vogal de actividades de Montanha da FPCC, em que era solicitada a colaboração dos clubes de campismo para a discussão do mesmo, alguns antigos praticantes de actividades de Montanha e Ar-Livre, da zona de Lisboa, ao terem conhecimento do referido documento, confrontaram-se com a realidade existente na zona e sentiram uma vez mais a necessidade de fazer algo que contribuisse para o desenvolvimento da Modalidade, tanto no aspecto desportivo, como no aspecto organizativo.

Tendo em conta a situação concreta da zona de Lisboa, em que muitos dos praticantes já estiveram ligados a grupos de Montanha, de clubes de campismo, mas por razões que neste momento preferimos omitir, encontravam-se dispersos ou em pequenos grupos de amigos, sendo-lhes por isso vedada a sua participação na discussão do documento da FPCC. Resolveram então alguns praticantes do Distrito promover uma reunião, onde foram analisadas as propostas do vogal da FPCC para o Mov. de Montanha.

Foi então que os praticantes presentes concluiram que pela sua experiência de alguns anos em grupos de Montanha, as propostas contidas no documento, em muito pouco alterariam a actual situação do Mov. de Montanha em Portugal e mais concretamente na zona de Lisboa, pois poucas novidades nos trazia e portanto tudo continuaria na mesma.

Sentiu-se pois a necessidade de criar qualquer estrutura que pudesse de alguma forma congregar as dezenas de praticantes da Região de Lisboa, que ocupasse o espaço em aberto na zona, e se essa estrutura tinha que ter forma, por que não um clube?

  • Que cumprisse o papel que os grupos de Montanha havidos em Lisboa não tinham ainda conseguido até aqui;
  • Que pudesse congregar todos os elementos que gostam de actividades de ar-livre, independentemente dos clubes de campismo em que estão filiados;
  • Que promovesse actividades regulares e que estas actividades não se esgotassem na escalada ou na Marcha, mas que, antes pelo contrário, possam abarcar o maior número de participantes; que sejam o mais diversificados possíveis; que aliem o aspecto desportivo ao cultural, ao histórico, etc.
  • Em suma, a todas as formas possíveis de aproveitar o prazer que é estar junto da Natureza, tanto nos Montes e Vales como nas planícies.

Assim, de um grupo de Montanheiros da zona de Lisboa, surgiu o Clube de Act.................., que abdicando de discussões estéreis, que só alimentam quem nada quer fazer, optou antes por uma prática de desenvolver e promover actividades.

Trabalhando no sentido de divulgar e difundir cada vez mais, a um maior número de pessoas as actividades de Ar-livre.

Procurando, desta maneira contribuir pela positiva, para o alargamento das actividades de Montanha e Ar-livre.

Bem vindos sejam aqueles que tenham vontade de trabalhar e não só de discursar. Estamos abertos à colaboração de todos sem distinções.

Por isso vamos ser brevemente Clube;

Por isso vamos trabalhar afincadamente.

ASSIM NASCEU....

O fim de semana na Arrábida foi o pontapé de saída para um desencadear de actividades a que o nosso "CLUBE" se propõe.

A comissão responsável pela sua dinamização deparou de imediato, com uma dificuldade: dar conhecimento aos restantes membros do Grupo, dos passos dados para a concretização do seu ideal (a formação de um clube) e levar-lhe a certeza de encontros futuros nas nossas serras, porque essas são a principal razão que nos motiva e nos reúne. Nasceu assim a necessidade desta folha despretensiosa que tem como objectivo a ligação entre os praticantes de actividades ao ar-livre, anunciando em tempo oportuno as actividades a que nos propomos.

Lançada a ideia da folha, era necessário dar-lhe um nome que se relacionasse com a montanha, que fosse sugestivo, divertido, e que sugerisse um estreitar de distâncias e a rapidez essencial a quem leva notícias.

Nasceu assim o "PAPA-LÉGUAS".

Porquê a Arrábida?

Porquê a Arrábida? Bem, poderia ter sido Sintra ou Montejunto ou outro local qualquer, mas foi na Arrábida o ponto escolhido para o encontro no acolhedor mini-parque do C.C. do Barreiro, incrustado nas faldas da Serra e tendo por cenário principal, o Formosinho.

Para quê? A ideia foi reunir alguns daqueles que na região de Lisboa, "curtem" as alturas (não estou a falar de paraquedismo, nem de asa-delta, não senhor! Estou a falar de Montanhismo) e têm andado dispersos em actividades individuais ou de pequeno grupo. Não se pode dizer que se tenha atingido todos os objectivos, mas o resultado final, foi aquele que se queria e conseguiu-se subir alguns degraus para a arrancadada concretização de uma ideia que vinha a muito a germinar no espírito de alguns.

Bom, mas vamos pelo princípio para pormos ordem na casa!

No sábado de manhã (não muito pela manhã, mas enfim...!) partimos para um passeio dividido em duas etapas. Na primeira toda a gente participou (cerca de 30 pessoas, incluindo os apêndices) até chegarmos ao local onde se iniciaria a segunda etapa. Aqui dividiram-se os grupos, tendo apenas seguido alguns companheiros, já que a ascensão se tornava difícil, muito em especial, para quem trazia os respectivos rebentos. Rumamos em direcção à Fonte do Veado, atravessou-se a cascalheira e descemos, por outra encosta, em direcção ao local da partida.

À tarde, depois de retemperadas as forças, partimos para nova caminhada (e que caminhada!) sentados à volta de uma mesa. Foi então exposta a razão daquela chamada às armas. A ideia era a formação de um clube que reunisse todos os participantes de montanhismo e actividades de ar livre, do Distrito de Lisboa, associação que não existe neste espaço físico, pretendendo-se, divulgar e incrementar estas actividades. O sim foi unânime e após prolongada discussão, foi nomeada uma comissão que tem como objectivo a organização e legalização do clube, a planificação e execução de actividades, a divulgação da iniciativa.

Domingo, alguns optaram por mais um passeio, outros pelo repouso e outros pela praia. Enfim, cada um escolheu a forma mais agradável de fugir ao intenso calor que se fez sentir durante todo o fim de semana.

Esperamos agora pela próxima actividade, que será em Sintra, no mini-parque dos Capuchos, nos próximos dias 12 e 13 de Outubro. Aí a comissão irá informar sobre todo o trabalho que se fez neste interregno.

Breve Apontamento

Este boletim ainda está longe daquilo que todos nós desejamos que ele seja, tanto no aspecto gráfico como na diversificação dos artigos nele inseridos.

Mas duas coisas garantimos:

  • é o que nos foi possível de momento.
  • iremos desenvolver todos os esforços para que o Papa-Léguas vá melhorando e temos a firme certeza de que à medida em que formos crescendo como clube, o Papa-Léguas irá sendo cada vez melhor, sempre segundo as nossas capacidades humanas e financeiras.