Gallegos de cá y de lá

O couto mixto e as aldeias promíscuas
2012-10-05 - 2012-10-07 (Sexta-feira - Domingo)

Vejam as fotos do Marco Monteiro em https://plus.google.com/photos/112508569795395687102/albums/5800755209067442929?authkey=CJT3rOT-iM3fUg 

e as do José António em https://picasaweb.google.com/lh/sredir?uname=110359427030743478469&target=ALBUM&id=5797058381546890209&authkey=Gv1sRgCOX5zK_9vrL1MQ&feat=email



Graças aos ‘azares’ da política, vamos ainda este ano beneficiar do feriado do 5 de outubro.

 

Os azares de uns são a sorte de outros, e assim pudemos levar avante esta actividade, a qual se propunha realizar, e agora atentem na contemporaneidade, ‘um passeio pola república esquecida’.

Imaginem agora um ‘reino maravilhoso’, com a sua própria organização, desenvencilhada jurídica e politicamente das coroas de Portugal e Espanha e com uma estrutura política semelhante a uma república democrática.

Entre os direitos e privilégios mais representativos assinalam-se: o de asilo, não dar soldados, isenção de impostos, liberdade de comércio e de cultivo e dispunham do ‘camiño privilexiado’ para circularem pessoas e bens, imune aos guardas fronteiriços e que comunicava com Tourém. Uma república que se auto governava, discutia os seus assuntos e firmava acordos em assembleia, com um juiz eleito com competências administrativas e judiciais, auxiliado por três homens-bons também eles eleitos. O seu arquivo e selos estavam fechados numa arca com três chaves e que só podia ser aberta na presença de 12 homens-bons.

Não imaginem mais, pois essa república existiu e dava pelo nome de Couto Mixto: 3 aldeias de montanha, Rubiás, Meaus e Santiago, cerca de 27km² de território encravado entre os concelhos de Randín, Baltar e Montalegre, que por razões de povoamento e de defesa, numa zona raiana com fronteiras indefinidas, desde os alvores da nacionalidade se tornaram independentes.

Mas toda a zona raiana, nos seus usos e costumes, cultura e crenças era um espelho de vida comunitária e solidariedade transfronteiriças.

Os vizinhos ‘gallegos’ e portugueses partilhavam aldeias e vivências em comum, sem atenderem à fronteira que se lhes atravessava no caminho. Esta era uma situação que incomodava cada vez mais o Estado Moderno, e que o Tratado de Lisboa de 1864 veio resolver.

O Couto Mixto foi declarado extinto e ficou para Espanha, por isso ficou Tourém na ponta daquele ‘dedo português’ enfiado na Galiza. Como compensação, a Portugal foram entregues as ‘aldeias promíscuas’: habitadas por galegos e portugueses e atravessadas pela antiga linha de fronteira que passou para norte, a saber, Cambedo, Soutelinho da Raia e Lamadearcos.

Obviamente que em termos de vida, usos e costumes, cá e lá tudo continuou igual; também na solidariedade, basta recordar o incidente conhecido como ‘Batalha de Cambedo’, tendo esta aldeia sido fuzilada, bombardeada e invadida pela GNR e pela Guardia Civil, e os seus habitantes ‘degredados’ para o Porto, por terem acolhido galegos republicanos foragidos da Guerra Civil. E claro, as trocas, tornas e comércio que antes se faziam no íntimo de uma aldeia, passou a ser feito clandestinamente pelos carreiros e caminhos do contrabando.

 

Características dos percursos:

Sexta, dia 5 - Percurso de cerca de 12km que decorre por trilhos, caminhos rurais, lameiros, e pelo que resta da calçada do ‘camiño privilexiado’, quase sempre ao longo do rio Salas, sem desníveis de assinalar, atravessando as aldeias de granito da ‘república’ bem como os seus carvalhais centenários e ‘bidueirais’ (bétula alba), até Tourém.

Neste dia de feriado teremos um jantar de grupo, em Mourilhe (incluído no preço), onde seremos recebidos pelo Padre Fontes para uma ceia tradicional, e para uma ‘queimada das bruxas’ 

Eis  o menú da

CEIA DAS BRUXAS

Entradas
Presunto afumado nas lareiras do inferno
Pão que o diabo amassou no forno do povo
Caldo de urtigas malditas colhidas nas bordas do paraíso

Prato
Vitela embruxada e batata a murro de bruxa branca
Vinho excomungado do outro verão

Sobremesa
Rabanada com leite e mel de bruxa voadora
Café negro como o diabo, quente como o inferno
Levanta o pau do diabo
Queimada

 

Sábado, dia 6 - Dia dedicado à raia e aos ‘gallegos de cá y de lá’. Temos um 1º percurso com cerca de 14km que começa em Soutelinho da Raia, primeiro em caminho rural e depois estradão ao longo do planalto raiano a cerca de 800m de altitude. Vai descer cerca de 200m ao atravessarmos o esplêndido carvalhal do vale da ribeira do Fundão e sobe cerca de 120m, mantendo a mesma altitude até Cambedo, onde desce cerca de 40m, depois sobe-se 40m até ao castro, atribuído ao mítico rei Wamba, e volta-se a descer até San Cibrao (Galiza).

Neutralização colectiva.

Temos um 2º percurso com cerca de 6km entre Feces de Cima (Galiza) e Lamadearcos. Percurso dedicado às estanheiras (contrabando de estanho e volfrâmio), que decorre por caminhos rurais e trilhos, desce cerca de 200m até à ribeira de Feces -os primeiros 100m de acesso à zona de mineração são em trilho com um desnível acentuado –depois, sem desníveis de assinalar.

Antes do regresso a Montalegre, paragem em Mandim, na taberna do Xico; a taberna e? um couto mixto, serve-se aguardente destilada por um velho alambiqueiro de Cambedo, fala-se galego de ca? e de la?, ouvem-se cantigas do Zeca e foliadas de gaita, dança-se moinheiras e viras. A raia passa perto, mas aqui fica de fora.

Domingo, dia 7- Dia com 2 actividades opcionais:

A - percurso pedestre com cerca de 13km pela raia de Pitões, acabando em Pitões das Júnias e com passagem pela Fonte Fria. Percurso rude de média montanha que decorre por trilhos, corta-mato e caos de pedras. Sobe 300m e desce cerca de 400m.

B - de manhã, visita ao Ecomuseu de Barroso em Montalegre. Almoço/farnel em Pitões e tempo livre para, por exemplo, fazer o percurso de Stª Maria das Júnias.

 

Recomendações: Botas, água e farnel para os 3 dias.

 

Cartografia: Folhas 18, 19, 20 e 21 da Carta Militar de Portugal, na escala 1/25000 do IGE.

 

 

Alojamento: Pousada de Juventude de Braga, na noite do dia 4, e nos restantes dias no Pavilhão Multi-Usos de Montalegre, sendo necessário levar frontal, toalha, saco-cama e colchonete.

Como alternativa, e por conta própria, sugere-se hotelaria local perto do pavilhão:

Estalagem 276510220, Casa Zé Maria 276512457, Casa do Castelo 276511237, Albergaria Pedreira 935125010, Hospedaria Fidalgo 276512462.

 

Partida: Quinta, dia 4, às 19h15h de Algés e às 19h30 de Sete Rios.

 

Participação em viatura própria: Local de encontro no dia 5, às 11h30, em Santiago de Rubiás (a 10km de Tourém), no cruzamento para Meaus.

 

O preço inclui os 3 dias de actividade, o seguro, informação e mapas, as dormidas na pousada em Braga e no pavilhão em Montalegre, bem como o jantar de grupo.



Preços:
Autocarro - 108,50 € Viatura Própria - 75,00 €
Preços:
Menores 21 - Autocarro - 64,50 € Viatura Própria - 31,00 €