O Vale de Alcântara e a Tapada das Necessidades

Cultura, Ambiente e Biodiversidade
2016-11-05 (Sábado)




Mais uma bela passeata! 
As fotos do Luis Bandeira Ferreira AQUI
 
 
 




"No próximo sábado vamos descobrir o Vale de Alcântara
(o aqueduto, o viaduto, o Bairro dos Sete Moinhos, a ETAR e o seu jardim), vamos subir a Campo de Ourique e visitar a Tapada das Necessidades (a Casa do Regalo e o Lago Duque de Lafões,a Estufa Circular, mandada construir por D. Pedro V , o jardim dos cactos  (um dos mais antigos da Europa).
 

O Vale de Alcântara vai sofrer um processo de reabilitação e transformar-se num corredor verde, que representará uma importante estrutura do sistema hídrico na cidade e configura um potencial eixo verde muito relevante. Fará a ligação entre a área planáltica da cidade e a frente ribeirinha na zona de Alcântara. Vale a pena ver o projecto e um vídeo disponibilizado pela CML:http://www.cm-lisboa.pt/viver/ambiente/corredores-verdes/vale-de-alcantara


De tudo isto a Assessoria do Ambiente do CAAL irá falar durante mais um agradável passeio em Lisboa."

Todas as fotos do reconhecimento em http://clubearlivre.org/v/actividades/2016/nov/alcant/rec/

 




O vale da ribeira de Alcântara, cuja bacia hidrográfica, com cerca de 3500 ha, abrange também parte do território da Amadora, é o maior vale da cidade de Lisboa. O vale, profundo e encaixadoconstitui uma barreira natural entre a cidade e a serra de Monsanto, vencida em Campolide, pelo Aqueduto das Águas Livres (séc. XVIII) e, mais abaixo, pelo Viaduto Duarte Pacheco (séc. XX).


Perto da foz, a ribeira era atravessada por uma ponte (al-qantara em árabe), que deu o nome à ribeira e ao aglomerado que se desenvolveu na sua proximidade, ponte essa que deixou de existir nos finais do século XIX.


Este vale, com uma presença humana que remonta à pré-história, em meados do século XVIII mantinha ainda um carácter rural, com uma ocupação essencialmente agrícola, povoamento muito disperso (quintas fidalgas e casais), muitos moinhos, alguns fornos de cal e pedreiras, aproveitando os recursos naturais das margens da ribeira e da serra.


Porém, a paisagem e a morfologia do vale sofreram profundas alterações nos séculos seguintes. Durante o século XIX as grandes alterações ocorreram, principalmente, no seu troço final, junto ao Tejo, com a construção de extensos aterros, onde foram implantados, o porto, linhas e estações de comboio, avenidas e unidades fabris. O dinamismo da construção e a implantação de unidades produtivas induziram um forte crescimento urbano do núcleo de Alcântara.


Em 1934 foi criado o Parque Florestal de Monsanto e procedeu-se à progressiva arborização da serra, em terrenos antes ocupados por searas e pasto para o gado. Na segunda metade do século XX, a ribeira foi totalmente encanada e o vale de Alcântara foi ocupado por importantes eixos rodoviários e ferroviários. O processo de industrialização de Alcântara desencadeou um forte afluxo de mão-de-obra incapaz de resolver por meios próprios as suas carências habitacionais, o que favoreceu o aparecimento de pátios e vilas de iniciativa privada, na encosta do Alvito, em Alcântara (Vila Cabrinha), ao longo da escarpa dos Prazeres e do Casal Ventoso, ladeando a rua D. Maria Pia, e mais tarde em Campolide.


Durante o século XX, surgiram também bairros de construção clandestina (Bairro da Liberdade), bairros operários de iniciativa cooperativa e, na década de 40, bairros económicos, de iniciativa estatal (Bairros do Alvito, do Alto da Serafina e da Calçada dos Mestres). Mais recentemente, foram construídos no vale de Alcântara bairros de realojamento (Ceuta norte, Ceuta sul e Quinta da Bela Flor).


Foi também neste vale, a sul do viaduto Duarte Pacheco, que foi construída uma das ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) que serve parte da cidade de Lisboa, Amadora e Oeiras. Esta ETAR, a maior do país, assegura o tratamento secundário e a desinfecção das águas residuais e está equipada com sistema de desodorização.


É de tudo isto que vamos falar neste passeio que vos propomos, pela encosta nascente e terraços elevados do vale de Alcântara, através dos tecidos urbanos dos bairros de Campolide e Campo de Ourique, até à Tapada das Necessidades.


Em Campo de Ourique, faremos um pequeno desvio para observar oGeomonumento da Rua Sampaio Bruno, datado do Aquitaniano (Miocénico Inferior) - terá uma idade compreendida entre 21 e 23 M.a. e materializa o fundo marinho de uma plataforma recifal.


A Tapada das Necessidades, espaço verde murado com cerca de 10 ha, adjacente ao antigo Convento dos Oratorianos e ao Palácio das Necessidades, ocupa um troço de encosta, desde a cota 20 à 80, virada ao Tejo, a sul, e à ribeira de Alcântara, a oeste. Possui um interessante património edificado e todo o arvoredo da Tapada das Necessidades está classificado de interesse público, existindo alguns exemplares que se destacam pela sua monumentalidade e raridade. A proximidade do estuário do Tejo, da Tapada da Ajuda e do Parque Florestal de Monsanto conferem a este espaço verde um elevado valor ecológico. A Tapada esteve durante largos períodos de tempo votada ao esquecimento e entrou num processo de degradação acentuada ainda hoje não totalmente superada. Contudo, a Tapada é um espaço onde apetece estar e merece a nossa visita.


No âmbito da sensibilização ambiental, nesta actividade focaremos os seguintes temas:


1. Tratamento das águas residuais e a reutilização das águas residuais tratadas - Não tendo sido autorizada a visita à ETAR, porque a nossa actividade se realiza ao fim de semana, faremos contudo referência, quando passarmos nas suas imediações, aos processos de tratamento das águas residuais aplicados na ETAR, aos seus efeitos na melhoria dos ecossistemas e ao valor paisagístico e ambiental do seu ‘Telhado Vivo’.


2. Biodiversidade e Património edificado da Tapada das Necessidades – Percorreremos os diversos espaços deste parque (mata mediterrânica, jardim dos cactos, relvado, jardim formal e jardim romântico) e observaremos o seu rico e diversificado património construído (Casa do Regalo/gabinete do ex-Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, estufa circular, Casa do Fresco, moinho, mãe de água, jardim zoológico, lagos e fontes).

Após o piquenique no relvado, identificaremos e falaremos de algumas espécies botânicas mais emblemáticas do parque.

 

Acabaremos a actividade com uma bela vista da cidade e do rio Tejo, no Jardim em frente do Palácio das Necessidades. Quem estiver interessado, poderá visitar a capela de Nossa Senhora das Necessidades (mandada construir por D. João V, em 1742), entre as 16h30 e as 17h00.


Características da actividade: Percurso fácil. Levar farnel para o picnic na Tapada e água para todo o dia.


Hora e local de encontro: Às 9h30, no largo em frente ao Centro Comercial das Amoreiras (passeio da Av. Eng Duarte Pacheco)


A inscrição é no local do encontro (6,00€) e inclui o seguro. Grátis para jovens até 21 anos.


Transportes para o regresso:


Largo da Armada – autocarros 713, 714,727

Avenida Infante Santo – autocarros 720, 738

Rua Possidónio da Silva – autocarro 773

Largo de Alcântara – autocarros 751, 756 e comboios